Na Auto-Estrada...

Colocou a idéia na ignição.
Precisou girá-la várias vezes,
até ouvir o ronco do motor.

Engatou a primeira.
A segunda. A terceira...
Bela pista!
Rodou algum tempo,
mas depois da curva perigosa...

Um puta engarrafamento!

Não havia espaço
nem no acostamento...

À frente, a patrulhinha;
atrás, grudado no pára-choque,
o carro-forte...
De um lado e de outro, caminhões...
Um, de mudança;
outro, lotado de lixo.

Melhor seria sair dali;
ganhar alguma velocidade...

Mas... Tudo parado.

Buzinas e mais buzinas...
O som ensurdecedor,
hiperbólico, da realidade.

Anda um pouquinho...
Catastrófica estrofe.

Não adianta...
Se acelerar vai bater!
Melhor seguir devagar, -
pausar, virgular...

Em meio a tanta reticência
revoltadas exclamações,
interrogações infindas...

Ao que tudo indica,
vai virar a madrugada
com o pé no freio,
tentando chegar ao ponto final
desse caos...

ju rigoni (2003)


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