Eu estava deitada - havia tomado um comprimido para dor-de-cabeça - e ela me veio com uns papéizinhos.
- Toma, vó! Eu fiz só pra você. É arte contemporânea.
Mell está no último semestre do curso de Produção Cultural da UFF e Zora, que tem quatro anos, vai absorvendo ao seu modo tudo que ouve a mãe conversar.
- Mas que coisa tão linda!... Eu não estou enxergando muito bem... (a desculpa para quem não decifra desenhos infantis) Este aqui ééé...
- O elefante, vó! Não tá vendo a tromba? Então!...
- Aaah...
- E este aqui (eu, apertando os olhos,) deve ser oooo...
- O coelho da Páscoa, vó!
- Mas é claro!... Devia ter visto logo... E este outro coelho aqui nesta folha velha e pautada? Este tem orelhas bem maiores. Só estão faltando alguns detalhes na carinha dele...
Zora arranca o desenho das minhas mãos.
- Que coelho, vó? É só um peixinho. Você tá vendo o desenho pelo lado errado. Não é assim não. É deste jeito.
- Santa ignorância! E não é que é mesmo?!... Mas que peixe liiiindo! O mais bonito que eu já vi.
- Vovó, você é tão boba...
Preciso admitir... Ela tem razão.
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