13/10/2008

OVNI?...

Ainda era madrugada quando os quatro amigos entraram no carro para vencer os quarenta quilômetros da estrada de barro sem qualquer iluminação que separa a fazenda onde passaram o fim de semana da estrada principal. Estava muito escuro e João ligou o farol alto. Devagar e aos trancos, devido aos buracos provocados pelas chuvas da semana anterior, conduzia o veículo com muito cuidado para evitar possíveis danos. Os demais ocupantes, sonolentos, acomodavam-se para tentar dormir um pouco mais.

Haviam percorrido cerca de oito quilômetros, quando João percebeu que, lá atrás, havia a luz de um farol muito alto. Mais alguém sofria na estrada esburacada tentando alcançar a via Dutra.

- Pô, que estupidez! O cara tá vendo um veículo à sua frente... Pra quê um farol tão alto?...

Passaram-se poucos segundos e todos os passageiros foram despertados pelos gritos de João que acelerava desesperadamente, agora ignorando qualquer perigo que a estrada rudimentar pudesse representar:

- Mas o que é isto?... O que está acontecendo?...

A luz do que João supôs tratar-se de um farol alto, estava agora bem próxima à traseira do carro. Assustados, coração em disparada, tentavam distinguir alguma coisa olhando para trás, mas eram "engolidos" por aquele incrível sol às três e meia da madrugada. Olhando na direção oposta, era possível ver nitidamente a estrada, - distinguir os diferentes tons de verde do mato que a ladeava, os buracos, a cerca de arame farpado que, provavelmente marcava os limites de alguma propriedade vizinha, enfim, tudo se via, segundo João e seus amigos, com nitidez superior até mesmo à luz do mais claro dos dias.

Sempre acelerando, João e os rapazes viram, apavorados, a tal luz mudar de posição. Agora, não parecia estar atrás do carro, mas acima dele. Tudo muito rápido. Alguém dentro do carro, quase grita:

- Meu Deus! Estamos tendo um contato com algo desconhecido...

José Luís, sentado no banco de trás, leva a cabeça até junto do vidro traseiro e olha para cima:

- Não acredito! Vocês estão vendo o que eu estou vendo? Olhem! Olhem!

Com exceção de João, que só pensava em sair da estrada de barro e chegar à via Dutra para estar junto de outros veículos terrenos e ganhar mais velocidade, todos os outros ocupantes, apesar do medo, colocaram-se em posição de modo a observar melhor o que estava lá em cima, - um objeto enorme, cujo diâmetro era impossível medir, - talvez um quilômetro, talvez um quilômetro e meio -, girava frenéticamente sobre o veículo em que estavam. E embora o carro seguisse em altíssima velocidade o ovni estava sempre lá, como que parado sobre eles, na mesmíssima posição.

Havia no centro do estranho objeto um foco de luz circular e azulada, cujo diâmetro crescia à medida em que se distanciava do ovni em direção à terra.. E ao redor dele, as tais luzes poderosas que, momentos antes, quando estavam a poucos metros do chão, incidiam violentamente sobre o carro e seus ocupantes.

Inquietos, apavorados, desesperados, iam seguindo seu caminho. Vez em quando, a tal nave girava em posição contrária. Quando isto acontecia, a luz do seu centro mudava para uma cor entre o vermelho e o laranja.

- Já estamos chegando!, - gritou João, ao ver a saída para a estrada.

Nem bem terminara de dizer a frase o ovni movimentou-se em velocidade alucinante para a direita. Depois para a esquerda. Sem emitir qualquer som. O silêncio com que deslocava-se era tão ou mais assustador que as luzes. Mas nada era tão apavorante quanto o seu tamanho. Em seguida, perdeu um pouco da altura, o que fez com que os rapazes, tremendo de medo, reavaliassem suas dimensões, e tomou de novo, passando - e desta vez bem mais lentamente - juntinho ao teto do automóvel, o rumo da direita.

Este foi o momento crucial, porque todos acreditaram que a tal nave, de forma circular, iria esmagá-los contra o chão. Estavam sendo apresentados, na prática, a um novo e inequívoco conceito de poder. Mas o ovni tomou um rumo contrário aos seus temores, e foi indo, indo, até que virasse um pontinho e sumisse, apagando-se, devolvendo os rapazes agora muito bem acordados, à escuridão da madrugada que se tornaria inesquecível.

Já na Dutra, ainda se perguntavam se aquela "coisa" iria voltar. Estacionaram num posto de gasolina para ver gente e para que João desse aos joelhos a oportunidade de pararem de tremer. Olhavam-se uns aos outros e, mudos, tentavam, cada um ao seu modo, compreender o que havia acabado de acontecer. Observavam as pessoas ao redor e sentiam-se estranhamente diferentes.

Por que foi dada a eles a oportunidade de viver tal experiência?

- Por que? - é a pergunta que até hoje, trinta anos depois, os amigos não cansam de fazer.

ju rigoni (Sem registro de data.)

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